Histórico
21ª COMPANHIA DE ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO
A engenharia no alto Rio Negro
Na década de 70 o Governo planejava ampliar a presença militar na Amazônia, com intuito de implementar solução dos problemas de integração e desenvolvimento da Região Amazônica. Uma das soluções encontradas foi concretizada com a transferência do 1º Batalhão de Engenharia de Construção de Caicó no Rio Grande do Norte, para Aupés, atualmente São Gabriel da Cachoeira-AM. O 1º Batalhão de Engenharia de Construção, iniciou sua nova missão de colaborar para o desenvolvimento da região da “Cabeça do Cachorro”, participando de obras de grande vulto. Dentre as diversas obras de grande vulto, foram atribuídas as seguintes missões na Amazônia Ocidental:
- Implantação dos subtrechos da BR-307/AM: São Gabriel da Cachoeira (AM) até Cucuí (AM) e Perimetral Norte (BR-210) até Benjamin Constant (AM), e
- Instalação da sede em São Gabriel da Cachoeira, inclusive as vilas de oficiais, sargentos e civis.
A rodovia federal BR-210, também conhecida como Perimetral Norte, foi planejada no auge do desenvolvimentismo econômico dos governos militares para cortar a Amazônia brasileira desde o Amapá até a fronteira colombiana no Estado do Amazonas, fazendo parte do Plano de Integração Nacional - PIN. O traçado planejado para a rodovia BR-210 cruzava diversos territórios indígenas ainda não contatados pela FUNAI, inclusive grande extensão da porção sudoeste da atual Terra Indígena Yanomami. Porém projeto da Perimetral Norte não foi concretizado conforme o planejado, devido a diversas dificuldades encontradas, inclusive, na execução das obras.
São Gabriel da Cachoeira é um município situado na região noroeste do estado do Amazonas, no Brasil. Dista 852 quilômetros da capital do estado, Manaus. Limita-se ao norte com a Colômbia e a Venezuela, ao sul e ao leste com o município de Santa Isabel do Rio Negro, ao sul com o Japurá e com a Colômbia. Boa parte do seu território é abrangido pelo Parque Nacional do Pico da Neblina. O município é considerado um ponto estratégico pelo Brasil.
A chegada da Engenharia do Exército deu um novo impulso na cidade de São Gabriel da Cachoeira que não estava preparada para receber um efetivo como o da cidade de Caicó-RN e das demais construtoras que vieram na mesma época para a Cidade. Várias foram as dificuldades para quem estava chegando, como se adaptar a um novo ritmo de vida no noroeste da Amazônia. Transporte, eletricidade, alimentação, lazer, comércio, educação, enfim tudo era precário e exigia sacrifício de todos.
Em 1976, foi iniciada a construção da sede provisória do quartel sendo as primeiras a do Comando e alojamentos, com estrutura toda de madeira. Na mesma época foram iniciadas a obras em alvenaria das instalações do quartel. Antes mesmo de concluir as suas instalações, no final de 1973, o 1º Batalhão de Engenharia de Construção iniciou sua missão na BR 307, no trecho Cucuí a São Gabriel da Cachoeira. Sem estradas, todo o transporte de pessoal, material, e equipamento foi feito pelo Rio Negro. Com grande esforço e dedicação extrema os integrantes da nobre arma azul turquesa começaram a trabalhar em terreno totalmente inóspito e diferente da que encontravam em sua terra natal no Rio Grande do Norte.
Nos anos de 1976 e 1977, as empresas que trabalhavam na região abandonaram suas missões permanecendo somente na região o 1º BEC, que recebeu do Departamento Nacional de Estradas e Rodagens a missão de terminar a estrada a partir do Km 80. Tal fato mudou todo o cronograma de trabalho, retirando equipamentos de Cucuí e instalando seu primeiro acampamento no Km 80. O 1º BEC passou atuar em duas frentes, norte e sul, enfrentando os mesmos problemas da região, as chuvas, chovia muito naquela região o que
dificultava a realização dos serviços.‘
A BR 307 foi única, histórica, totalmente diferente para aqueles que deixaram o nordeste e vieram para a Amazônia cumprir aquela nobre missão. O trabalho de implantação de uma estrada dentro de uma selva completamente fechada, virgem. Uma estrada com características totalmente diferentes da que se construía no Nordeste.
Nos anos 80, o 1° BEC retornou a Caicó, permanecendo em São Gabriel da Cachoeira a 1ª Companhia de Engenharia de Construção, com a missão de dar prosseguimento aos trabalhos de abertura e manutenção da BR 307, que estava construída até o Km 120. Em 15 de maio de 1982, a Companhia adquiriu autonomia administrativa desvinculando-se do 1º Batalhão, porém continuou com a denominação de 1ª Companhia do 1º Batalhão de Engenharia de Construção – 1ª/1º BEC, como se fosse orgânica daquele Batalhão, embora estivesse desvinculada por completo do Batalhão.
A missão prosseguia “na Cabeça do Cachorro” e os integrantes da Companhia se empenhavam cada vez mais, desdobrando-se na execução da estrada e de várias outras obras assumidas no Munícipio. Aos poucos foram vencendo os quilômetros da BR-307, rasgando a estrada, construindo 14 pontes de madeira num total de 642 metros, como a Ponte do Balaio no Km 100 e a Bustamante no Km 187, além das pontes mistas como a Cap Nobuo Oba no Km 28 e ponte Sargento Laércio no Km 3. Após quinze anos do início da missão a BR-307, ligação São Gabriel a Cucuí foi concluída e inaugurada pelo Presidente da República José Sarney, no dia 23 de novembro de 1989.
Atualmente denominada 21ª Companhia de Engenharia de Construção - foi atribuída pela Portaria do Comandante do Exército nº 630, de 22 de outubro de 2003, desvinculando completamente do valoroso 1º Batalhão de Engenharia de Construção, tornando-a assim a única OM no valor subunidade de Construção do Exército Brasileiro. Historicamente a sua atuação verifica-se na abertura de estradas vicinais, perfuração poços artesianos, levando água e esgotos a municípios carentes, recuperando escolas e hospitais em todas as frentes de trabalho que visam melhorar a condição de vida do povo amazonense.
Sua responsabilidade social e compromisso com a Amazônia são as bandeiras da 21ª Companhia de Engenharia de Construção, nunca esquecendo sua função primordial de trabalhar pela proteção de território nacional, sem fechar os olhos para as necessidades do povo brasileiro. No ano de 2004, a 21ª Companhia deu início e finalizou em 2005 a obra que restaurou o seu próprio espaço físico. A nova sede administrativa da Companhia Guilherme Carlos Lassance é motivo de orgulho, uma verdadeira obra de arte executada com muita dedicação por oficiais e praças de uma corporação comprometida e apaixonada pela Amazônia.
Ao longo desse tempo de permanência na Amazônia, a 21ª Cia E Cnst apresenta um respeitável acervo de realizações na área de infraestrutura, perfeitamente identificada com ambiente operacional de sua área de atuação. Com a certeza de que a atividade de construção é o melhor adestramento para a Arma de Engenharia, a Companhia empenha-se no cumprimento de suas diferentes missões, trabalhando para o desenvolvimento e a integração de nossa brasileira Amazônia.
E em 18 de julho de 2023, a 21ª Companhia de Engenharia de Construção comemorou sob o Comando do Coronel de Engenharia Ricardo Peterson Córdoba Roberto, os 50 anos da chegada da Engenharia na Cabeça do Cachorro. Ocorreram grandes eventos alusivos à aludida data, como uma retreta musical com a participação da banda de música da 2ª Bda Inf Sl e que obteve grande repercussão entre os munícipes da cidade de São Gabriel da Cachoeira, onde foram rememorados os feitos dos nossos antepassados e veteranos, os quais de maneira abnegada, destemida e com esforço hercúleo foram Desbravando e Marchando, produzindo a integração da Amazônia brasileira na Cabeça do Cachorro.
Enaltecendo ainda mais este evento histórico, no dia 26 de julho de 2023, na 21ª Cia E Cnst, foi realizada uma formatura geral com a presença do senhor José Múcio Monteiro Filho, Ministro de Estado da Defesa, acompanhado do senhor General de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, Comandante do Exército Brasileiro, do senhor Almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, do senhor General de Exército Anísio David de Oliveira Júnior, Chefe do Departamento de Engenharia e Construção, do senhor General de Exército Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves, Comandante Militar da Amazônia, entre outros oficiais Generais e autoridades civis e militares.
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